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Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, analisaram as mudanças na capacidade das taças de vinho no Reino Unido desde a era georgiana através de arquivos de museus e catálogos de lojas, inclusive as lojas on-line. Para identificar o volume dos modelos antigos e mais raros, eles mediram manualmente, com água, a capacidade de cada peça.

Depois de analisarem mais de 400 taças de vinho, os pesquisadores descobriram que, em 1700, uma taça típica da época poderia conter, em média, 66 mililitros de líquido. Em 2017, no entanto, o volume das taças aumentou em 449 mililitros. No começo dos anos 2000, esse aumento foi de 417 mililitros. Somente entre 1960 e 1980 o volume das taças quadruplicou – uma mudança que pode ter incentivado um consumo do álcool muito além dos limites saudáveis.

Segundo a principal autora do estudo, Dame Theresa Marteau, diretora de pesquisas em comportamento da instituição, tal mudança, entretanto, pode estar relacionada a questões técnicas, como a própria produção em larga escala do vidro, que se tornou mais barata ao longo dos anos. Para ela, a razão por trás dessa transformação pode ser mais uma questão cultural associada à acessibilidade e disponibilidade do vidro e às indústrias, que passaram a produzir taças maiores.

Além disso, segundo a pesquisadora, taças maiores podem não estar tão relacionadas a capacidade de volume, mas, sim, à liberação do aroma do vinho.

Pesquisas anteriores já sugeriram que o tamanho dos copos utilizados pode influenciar no tamanho da dose – assim como, na alimentação, pratos maiores podem estimular a escolha de porções maiores. Apesar de que nos últimos 300 anos, as taças de vinho aumentaram sete vezes de tamanho, de uma capacidade média de 66 ml, no início dos anos 1700, para quase meio litro, hoje em dia, nenhum estudo conseguiu provar uma relação de causa e efeito. Trabalhos mostram que a comercialização do vinho também aumentou desde a década de 1990.

De acordo com o estudo, o álcool é o quinto maior fator de risco para mortalidade em países de alta renda. No Reino Unido, a quantidade de vinho consumida têm aumentado em resposta a fatores econômicos, legais e sociais. Essa tendência também foi atribuída à propaganda e às leis associadas à liberação de bebidas alcoólicas e, consequentemente, de produtos relacionados.

 

Fonte: revista Veja