A indústria do tabaco e seus negócios tentadores. E mortais

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Já mencionamos neste artigo que o peso dos gastos com cigarro ainda é alto no bolso das famílias brasileiras, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Vamos, agora, colocar isso em escala global.

De acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos o tabagismo custa à economia mundial mais de 1 trilhão de dólares por ano, em gastos com saúde e perda de produtividade. Este custo estimado supera amplamente as receitas globais com os impostos sobre o fumo, que a OMS colocou em cerca de 269 bilhões de dólares entre os anos de 2013 e 2014.

O paradoxo é que, embora a prevalência de tabagismo esteja caindo entre a população global, o número total de fumantes em todo o mundo está aumentando, ainda segundo o estudo. Nesta matéria mostramos a possibilidade de que, em 20 anos, o mundo veja pela primeira vez uma queda no número de cigarros consumidos no planeta, hoje em torno de 5,5 trilhões de unidades/ano.

Entretanto, a indústria tabagista há tempos busca uma alternativa para o caso desta queda realmente acontecer.

Arquivos descobertos na Universidade Califórnia em São Francisco (EUA) revela que estas empresas já tinham flertado com o negócio da maconha no final da década de 60 e início da de 70. Elas previram que a legalização da erva iria ser iminente nos Estados Unidos e então se anteciparam, dando os primeiros passos para participar do lucrativo negócio. Companhias como a Philip Morris, por exemplo, chegaram a pedir ao Governo Federal que mantivesse confidencial o resultado de suas pesquisas sobre a cannabis.

Além da Philip Morris, os documentos achados comprometem também outras grandes empresas do tabaco, como a American Tobacco Co e a British American Tobacco. Segunda maior companhia tabagista do mundo, a British chegou a idealizar, em 1970, um plano estratégico para – se a erva fosse legalizada – produzir cigarros que contivessem maconha, e assim provocar uma mudança no hábito de fumar. Este projeto, batizado de Pot Projetc (Projeto Maconha) chegou a ser lançado na Grã-Bretanha.

Obviamente, a indústria do tabaco minimiza a importância dos documentos encontrados e nega que tenha algum tipo de interesse em entrar no negócio da maconha. Entretanto, em Wall Street (famosa rua onde se localiza a bolsa de valores de Nova Iorque, a mais importante do mundo) alguns analistas afirmam que as empresas tabagistas poderiam estar considerando outra vez expandir seus negócios com vistas à legalização da erva.

David Sylvia, porta-voz da Altria Group Inc (empresa matriz da Philip Morris nos EUA), declarou ao Los Angeles Times que a empresa não tem “nenhuma intenção de vender produtos que estejam relacionados com a maconha”. Um documento da mesma empresa, porém sem assinatura, afirma que eles estão “no negócio de deixar as pessoas relaxadas”.

E mortas.

O mesmo estudo da OMS que abriu esta matéria alerta que o tabagismo matará um terço a mais de pessoas até 2030: “O número de mortes relacionadas ao tabaco deverá aumentar de cerca de 6 milhões de mortes para cerca de 8 milhões anualmente até 2030, sendo que mais de 80% delas vão ocorrer em países de baixa e média renda”, disse o estudo.

E pensar que o fumo é a maior causa evitável de morte globalmente.

 

Fontes: G1/Bem estar via TV Globo & Uniad