Não é lúpus. Nunca é lúpus. Mas… e se for?

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Manchas avermelhadas no rosto, olhos e boca secos e febre são alguns dos sinais que o corpo emite para avisar que pode ter sido acometido por lúpus.

A doença ficou conhecida no seriado House. Entre os bordões mais usados pelo protagonista, o médico Gregory House, estavam “It’s not lupus” (Não é lúpus) e “It’s never lupus” (Nunca é lúpus). Isso porque a doença é muito difícil de ser diagnosticada, e sempre que um personagem da trama tinha de enfrentar uma situação difícil de ser resolvida, o lúpus era apresentado como hipótese.

A doença autoimune – quando o organismo ataca a si mesmo – atinge uma em cada duas mil pessoas em todo o mundo e é mais comum em mulheres. Embora seja um problema raro, algumas pessoas bastante conhecidas já foram diagnosticadas com a doença, como as cantoras Selena Gomez e Lady Gaga.

O diagnóstico preciso do lúpus eritematoso sistêmico (LES) é fundamental para oferecer cuidado oportuno e apropriado que poderá melhorar a qualidade de vida do paciente e contribuir para uma resposta mais positiva ao tratamento médico.

O conhecimento epidemiológico dos transtornos de humor complementa o acompanhamento clínico, fornecendo também informações sobre fatores de risco e prognóstico, além de tendências históricas. As políticas de saúde dependem dessas informações para elaboração de planos de intervenção na assistência e nos serviços médicos.

As manifestações neuropsiquiátricas do LES se resumiam apenas quadros psicóticos ou convulsivos, porém, estes critérios hoje são considerados incompletos por vários autores, os quais reconhecem muitas outras manifestações neuropsiquiátricas em pacientes com a doença. Essas várias alterações psiquiátricas incluem desde estado confusional, distúrbios cognitivos, psicose, transtornos de humor e de ansiedade até, notadamente, alterações de personalidade. E, no dependente químico, este é um problema seriíssimo.

Pelo aspecto sociopático essa alteração da personalidade pode ser confundida com o Transtorno Antissocial da Personalidade, que é muito mais grave, definitivo e que não se reverte, enquanto as alterações da personalidade são reversíveis depois que o dependente passa um período abstinente.

Os dependentes costumam obedecer a um padrão de personalidade ao longo do tempo de dependência. Existem traços e características de comportamento, relacionamento e percepção da realidade comum aos dependentes químicos. Isso não quer dizer que eles fiquem todos com a mesma personalidade, mas que, dentro da individualidade de cada um, eles apresentam características comuns uns com os outros.

É bastante comum as pessoas que conheceram anteriormente o dependente, antes do uso de drogas, estranharem muito suas atitudes e comportamento atuais, achando que essa pessoa parece não ser a mesma conhecida anteriormente. Porém, quando o dependente químico passa por um período de abstinência relativamente longo a alteração da personalidade desaparece e a personalidade prévia volta a existir. Diz-se que a pessoa “voltou a ser o que era”. Porém, caso haja uma recaída no uso das drogas, a alteração da personalidade se manifesta em muito menos tempo que da primeira vez. Isso é tão evidente que na maioria das vezes os familiares do dependente percebem que ele voltou a usar drogas pelas alterações de conduta, comportamento e relacionamento que se manifestam.

Desta forma, torna-se fundamental a questão da comorbidade de dependência química e qualquer outra patologia psíquica. Só assim será possível estabelecer uma base de conhecimento para, preventivamente, se saber quais as chances de transtornos emocionais concorrem para a dependência química.

 

Fonte: PsiqWeb