“Só contribui para cáries”

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Como já mostramos aqui, o açúcar foi considerado um substituto inofensivo para as drogas e para o álcool. O próprio Alcoólicos Anônimos pede que os dependentes sempre tenham um doce. Mas isso acabou fazendo com que muitas pessoas transferissem o vício para o açúcar, que já é considerado “a maior crise de saúde pública da história”, como também mostramos nesta matéria, e deveria ser sujeito à regulamentação como o álcool e o cigarro.

Comer açúcar demais pode estragar os dentes e causar diabetes e obesidade. Um estudo, publicado na revista Scientific Reports, conclui que “uma menor ingestão de açúcar pode estar associada a uma melhor saúde psicológica”. E, de acordo com um grupo de pesquisadores médicos progressistas, o açúcar pode também provocar colesterol alto, pressão alta, doenças cardíacas e possivelmente até câncer.

Esse médicos defendem que o açúcar atua como uma toxina no corpo e é responsável não só pelas nossas taxas crescentes de diabetes e obesidade, mas também pela incidência cada vez maior de doenças cardíacas, câncer e outras doenças crônicas.

Entre esses profissionais está o cardiologista Aseem Malhotra, um dos maiores críticos da medicina na atualidade. Responsável pelo movimento Choosing Wisely, que é contra procedimentos médicos desnecessários e acredita no empoderamento dos pacientes, Malhotra também é crítico do consumo de comidas ultraprocessadas e autor do livro A dieta de Pioppi, traduzido no Brasil como ‘Detox de 21 dias’.

O cardiologista alerta que não existe uma necessidade biológica de açúcar. Além de não ter nenhum valor nutricional, é uma das únicas coisas que ingerimos que contribui para cáries, o que é um problema sério especialmente para crianças.

E ressalta que, agora, o açúcar está cada vez mais associado a diversas doenças metabólicas independentemente de calorias. Ou seja, mesmo que você se exercite e não esteja acima do peso ingerir muito açúcar vai te fazer mal.

E aponta quatro critérios que indicam porque o açúcar deveria ser regulamentado:

  • É excessivamente tóxico;
  • é inevitável porque é adicionado em tantas comidas processadas;
  • tem potencial para abuso e
  • tem impacto negativo na sociedade.

Malhotra também faz duras críticas ao financiamento de estudos científicos feitos por empresas que têm interesse nos resultados. Não à toa, o açúcar está inserido nesta crítica: documentos históricos divulgados pela JAMA Internal Medicine, uma revista científica, provam que a indústria do açúcar dos EUA pagou cientistas nos anos 60 para que minimizassem a conexão entre o açúcar e doenças cardíacas, e para que promovesse a gordura saturada como responsável pelo problema.

Em 2016, um artigo publicado pelo New York Times revelou que a Coca-Cola, maior fabricante mundial de bebidas açucaradas, havia fornecido milhões de dólares em verbas a pesquisadores cujo trabalho buscava minimizar a conexão entre bebidas açucaradas e a obesidade. Em junho do mesmo ano, a agência de notícias Associated Press reportou que fabricantes de confeitos bancaram estudos segundo os quais crianças que comem doces tendem a pesar menos do que aquelas que não o fazem.

 

Fonte: Bem Estar/G1