Abstinência: as batalhas de cada um

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O Instituto Padre Haroldo, em Campinas (SP), está completando 40 anos acolhendo pessoas e proporcionando uma vivência que transita entre espiritualidade, conhecimento, exemplos, profissionalismo e amor.

O foco de Haroldo Rham, padre americano naturalizado no Brasil (e nosso colaborador aqui no Para Entender…) que idealizou o Instituto, se multiplicou. Da terapia para dependentes químicos, ganhou notoriedade com um total de 15 serviços, todos mirando a mudança de vida.

Fundada como Associação Promocional Oração e Trabalho (Apot), o lugar foi batizado com o nome do padre, inspiração a todos que por ali passam. Profissionais e conhecedores da questão da dependência química foram buscados um a um por Haroldo para enriquecerem o seu sonho.

Desde 1978, ao menos 80 mil pessoas foram beneficiadas. Por conta destas marcas, o site de notícias G1 desenvolveu uma série de reportagens especiais. “Acolhidos” fala sobre o legado desse lugar onde, pelas mãos de 184 profissionais – especializados em áreas diversas como saúde mental, estratégias de prevenção e no trato com jovens – e de aproximadamente 150 voluntários, funcionam administração, cozinha, manutenção, limpeza, cursos livres e, especialmente, o atendimento a cada um dos internos.

Em uma das reportagens, o G1 viu de perto os momentos de enfrentamento da abstinência.

Na abstinência, o corpo reage com dor. Na fissura, o foco e a força se tornam o novo vício. As 72 horas viram semanas, meses, anos, contados minuto a minuto por quem vive o desafio da superação.

Seja por um ultimato da família, ou por um alerta da própria consciência sobre abusos no uso da droga, os dependentes que buscam tratamento aprendem a traçar a meta diária do “só por hoje”.

Nas unidades terapêuticas, masculina e feminina, os primeiros 15 dias são os mais difíceis para adaptação e superação das crises de abstinência e fissura, mas também é o período em que as carências de afeto e de cuidado vencem a falta da droga.

O corpo reage à falta da droga de forma diferente, dependendo do usuário. Entre os internos e ex-internos – que seguiram na instituição para atuar como voluntários – os sintomas percebidos com a abstinência vão de dores no corpo até sinusite.

As drogas mais comuns entre os vícios que os internos buscam deixar para trás são álcool, cocaína e crack.

O tempo total previsto no programa do Instituto Padre Haroldo é de 180 dias, mas é comum uma falsa sensação de cura

Placa na porta da casa do Padre Haroldo Rahm, no Instituto que leva o seu nome, em Campinas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)

na metade do tempo, quando alguns internos pedem para deixar a instituição. Mas a conclusão do tratamento é indispensável para que o acolhido consiga se munir de artifícios que vão driblar a vontade de usar a droga, quando se deparar novamente com ela.

Cada vida transformada, cada vício superado, cada família recuperada reforçam que o padre sonhador tinha mesmo razão ao nunca perder a fé na humanidade. Aos 99 anos cultiva a mensagem que desde o início inspira e sustenta os que o cercam, e ela é repetida por quem segue os seus passos: SÓ AMOR.

 

Fonte: G1