Orientar sem reprimir

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Não foi apenas o vício em videogames que a Organização Mundial de Saúde incluiu como um dos problemas de saúde mental.

Na nova versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), a OMS também definiu o transtorno de comportamento sexual compulsivo como um “padrão persistente de falha em controlar impulsos sexuais repetitivos e intensos ou impulsos que resultam em comportamento sexual repetitivo”.

Isso significa que a desordem não está relacionada a quantidade de parceiros ou quanto sexo se faz, mas com um comportamento sexual que se torna o foco da vida da pessoa, levando o indivíduo a negligenciar a saúde, os cuidados pessoais, as atividades e outros interesses, assim como ignorar responsabilidades.

Muitas pessoas que sofrem com o distúrbio querem resistir à necessidade constante de sexo, mas não conseguem. Às vezes, elas nem sequer sentem prazer com a atividade sexual repetida.

Da mesma forma, porém, que muitos especialistas discordaram sobre o ‘transtorno de jogo’, o mesmo está acontecendo com a inclusão do comportamento sexual compulsivo. A justificativa gira em torno do fato de que a quantidade de estudos sobre a desordem ainda é limitada.

Para disse Timothy Fong, professor clínico de psiquiatria da Universidade da Califórnia (EUA), assim como com o vício do jogo, “alguns especialistas questionam se a atividade sexual compulsiva pode ser um vício, mas parte da ciência está começando a sugerir que esse comportamento repetitivo altera a função cerebral”, afirmou ele à rede americana CNN.

Fong escreveu um artigo em 2006 sobre o problema apontando que a hipersexualidade tem sido alvo de curiosidade há muitos séculos, mas apenas nos últimos quarenta anos parte da comunidade científica passou a analisá-lo da perspectiva acadêmica.

Estudos vêm documentando pessoas que afirmam sofrer com o problema e descobriu-se que até 5% da população dos Estados Unidos pode sofrer com o comportamento sexual compulsivo, representando números maiores que o transtorno bipolar, esquizofrenia ou vício em jogo.

Por outro lado, Robert Weiss, especialista em vício e autor de dois livros sobre o assunto, disse que esperava há trinta anos por essa decisão. Para ele, a fantasia antecipatória do ato, ou seja, a lembrança do ato em si e a excitação da procura por um parceiro, é o que permite aos indivíduos se perderem no desejo pelo sexo, impedindo-os de se concentrarem em situações mais importantes. “Você não quer reprimir o desejo. A sexualidade é parte do ser humano, mas você quer guiá-lo”, comentou Weiss à CNN.

Especialistas afirmam ter alcançado sucesso no tratamento de pacientes com transtorno de comportamento sexual. De acordo com eles, melhora acontece principalmente depois que as pessoas abordam os problemas subjacentes que podem estar levando à compulsão sexual. As estratégias para chegar a esse entendimento incluem psicoterapia tradicional, grupos de apoio, como Viciados em Sexo Anônimos, e medicação, como antidepressivos e estabilizadores de humor. No Reino Unido, por exemplo, a instituição beneficente de apoio a relacionamentos Relate tenta viabilizar suporte às vítimas por meio do sistema público de saúde, o NHS.

 

Fonte: CNN