Prostituição no Brasil é motivada pelo uso de drogas

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O dia mundial das prostitutas não é nenhuma brincadeira. O objetivo é denunciar a discriminação e a exploração das prostitutas a nível mundial, assim como as precárias condições de vida e de trabalho.

A origem do dia internacional das prostitutas está no protesto de 2 de junho de 1975, quando mais de cem mulheres ocuparam a igreja de Saint-Nizier, em Lyon, França, em protesto contra a repressão sofrida na altura. O protesto visava as multas recebidas, as detenções e os assassinatos de colegas que não eram investigados.

A cobertura mediática do incidente levou a mais protestos organizados por prostitutas, quer em França, quer noutros países do mundo. Apesar do apoio da população, a ocupação terminaria na madrugada de 10 de junho, após uma violenta expulsão pela polícia. A brutalidade das autoridades levaria a uma maior indignação e desde 2 de junho de 1976 se relembra então anualmente este incidente, visando também a regularização da profissão que é considerada a mais antiga do mundo.

Estudos envolvendo a temática da prostituição, o uso de substâncias psicoativas e a violência ainda são escassos e com nível de evidência fraco, o que é preocupante mediante os aspectos envolvidos com a problemática.

O uso de substâncias psicoativas na atividade de prostituição é um fenômeno inerente que sofre interferências de diversos fatores, como o incentivo por parte dos clientes, traficantes e proprietários dos estabelecimentos. Essa situação potencializa as vulnerabilidades das prostitutas às situações de violências, a DST e outros agravos.

Um levantamento feito pelos jornalistas Kaio Diniz, Vinícius Júnior e Tiago Costa, aponta que 48,8% da prostituição no Brasil é motivada pelo uso de entorpecentes, em especial o crack. Os piores resultados então nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, onde as mulheres vendem seus corpos por uma ou duas pedras da droga.

A reportagem esteve em várias cidades do país e constatou que a prostituição no Brasil teve um salto de 78%.

Garotas entre 12 e 18 anos representam 40% do número de prostitutas no Brasil. João Pessoa, capital da Paraíba, é a cidade brasileira com maior número de adolescentes envolvidas na prostituição, 25% delas fazem sexo unicamente para manter o vício em drogas, o restante usa o dinheiro dos programas para reforçar o orçamento familiar e a grande maioria delas tem o aval da família que afirmam não ter outra opção para sobreviver.

João Pessoa é também a cidade com maior proporção de usuários de crack no Brasil se compararmos o número de usuários com a população da capital, que segundo dados do IBGE de 2012 é de pouco mais de 700 mil habitantes.

Os estados de Goiás e Minas Gerais são os lideres no ranking do crescimento da prostituição motivada pelo uso de entorpecentes. Em 2012, houve um crescimento de cerca de 60% dessa atividade motivada pela necessidade de manter o vício em crack. As mulheres fazem programas que variam de R$ 20 a R$ 50 reais, a maior parte do dinheiro vai para a compra de drogas, que associada ao alcoolismo, gera um problema social ainda longe de ser resolvido.

O Sul é a região do país que apresentou o menor índice de prostituição motivada pelo uso de crack. 38% das mulheres fazem programas sexuais unicamente para comprar drogas, a maioria delas é moradora de bairros pobres das grandes cidades do Rio Grande do Sul e Paraná e tem entre 18 e 40 anos.

No Nordeste, 52% das mulheres vendem seus corpos para comprar crack. Os piores resultados estão em Natal (RN), Fortaleza (CE) e Recife (PE) Salvador (BA), além da já citada João Pessoa (PA). Adolescentes de 12 a 25 anos não têm qualquer tipo de constrangimento para marcarem os programas e saem com até 10 homens em uma mesma noite.

No Distrito Federal também é comum a pratica do sexo em troca de drogas. No Entorno de Brasília, 45% das prostitutas se servem da profissão para manter o vício e a maioria delas dizem não ter outra opção, pois, quase não existem centros de tratamentos para dependentes químicos na região.

Em São Paulo pontos de prostituição são encontrados com grande facilidade, a diferença é que apenas 15% das prostitutas aceitam fazer sexo em troca de drogas, o restante vive dessa atividade e muitas delas mantêm as famílias com o dinheiro que ganham nas noites.

Na região Norte, 49% das mulheres que vendem seus corpos, fazem isso em troca de drogas. Porto Velho (RO) e Manaus (AM) são as cidades com maiores índices de prostituição na região. O Acre e o Pará são os estados com maior proporção de prostitutas de acordo com a população regional. 35% dos programas são feitos em troca de entorpecentes.

 

Fonte: Jornal Só Por Hoje