Pensem, ao menos, em seus filhos!

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Cientistas australianos da Universidade Macquarie alertam que a restrição alcoólica não deve acabar no parto. Para eles, o ideal para o cérebro do bebê é que a mamãe se mantenha longe de bebida até o fim da amamentação.

A Síndrome do Alcoolismo Fetal (SEF) é uma das grandes responsáveis pela recomendação de zero álcool durante a gravidez por afetar o bebê ainda no útero, gerando déficit de crescimento, alterações em características faciais e atraso (ou até prejuízo) no desenvolvimento motor. Como ainda não se descobriu a partir de quando o consumo de bebida causa o desenvolvimento da SEF, a recomendação é zero álcool durante a gravidez.

Mas a amamentação deve seguir o mesmo índice, de acordo com esta nova pesquisa. Realizada com mais de 5.000 bebês e mães australianos voluntários, os cientistas fizeram avaliações (raciocínio, desenvolvimento motor etc.) das crianças a cada dois anos e identificaram não haver declínio nas habilidades de pensamento e raciocínio em crianças com mães que consumiram álcool, mas não amamentaram. Já a redução nas habilidades da criança foi um resultado direto dos resquícios alcoólicos no leite materno. Ou seja, mães que beberam e amamentaram.

O mesmo acontece com o tetrahidrocanabinol (THC), principal componente psicoativo na maconha.

Uma pesquisa foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (em inglês, NIH) e pela Gerber Foundation identificou o componente em 63% das amostras de leite materno até seis dias após o uso por mulheres. Lembrando que o THC é justamente o responsável pelos efeitos psicoativos da maconha que pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro. Outro elemento encontrado nas amostras de leite foi o canabidiol, promovido por suas possíveis propriedades benéficas à saúde.

Realizado pela Universidade da Califórnia e publicado na revista Pediatrics, o estudo recolheu amostras de leite materno de 50 mães com filhos recém-nascidos e com até um ano de idade. Os pesquisadores ainda investigaram se as crianças haviam sido expostas diretamente à maconha, medicamentos ou outras substâncias nos 14 dias que antecederam a coleta das 54 amostras (recolhidas e analisadas entre 2014 e 2017). E encontraram o THC em 63% das amostras em uma concentração média de 9,47 nanogramas por mililitro. Já o canabidiol foi detectado em 9% delas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a amamentação seja feita de forma exclusiva para o bebê até os seis meses de idade e, por isso, a maioria dos pediatras encoraja a amamentação, destacando os benefícios para a saúde dos bebês. E, também por este motivo, a Academia Americana de Pediatria se posicionou contra a utilização da maconha durante a gestação e aleitamento e solicitou que as mães que usam reconheçam os desafios médicos da questão.

Outro desafio envolve os pais fumantes.

Já sabemos que crianças cujos pais fumam têm mais risco de desenvolver problemas pulmonares ou vasculares na infância, mas uma pesquisa da Sociedade Americana do Câncer mediu impacto na vida adulta – e ele é preocupante.

Este é o primeiro estudo a identificar uma associação entre a exposição da criança à fumaça do cigarro e a morte por doença pulmonar obstrutiva crônica na meia-idade e velhice.

Publicado no periódico científico American Journal of Preventive Medicine, este estudo dá mais um argumento para retirar a fumaça de perto das crianças. Como bem definiu Hazel Cheeseman, do grupo ativista Action on Smoking and Health (Ação sobre o Fumo e a Saúde, em tradução livre): “Parar de fumar é a melhor forma de proteger as crianças – e a si próprio”.

Resumindo: não importa qual seja seu vício. Se você não pensa em si mesmo, pense ao menos nas crianças.

 

Fonte: Bem Estar G1